Entre o estigma e a prova:
valorização racional da palavra da vítima à luz do princípio da presunção da inocência nos crimes sexuais
DOI:
https://doi.org/10.31994/rvs.v16i2.1054Keywords:
crimes sexuais; presunção de inocência; estupro; atividade probatória; palavra da vítima.Abstract
O objetivo do trabalho é discutir parâmetros de valoração dos elementos de prova nos crimes contra liberdade sexual, visando compatibilizar a presunção de inocência do acusado e a proteção da mulher vítima de violência sexual, a partir da concepção da tradição racionalista. Para efetivar o estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa evidencia que a decisão judicial que acolhe a palavra da vítima, ou que a rejeita, deve estar ancorada em critérios argumentativos objetivos, compatíveis com a presunção de inocência e aptos a justificar a opção pela hipótese acusatória, bem como, exige que o processo esteja comprometido com métodos técnicos de escuta, como a entrevista cognitiva, e com investigações orientadas pela racionalidade, e não por estigmas.
Downloads
References
ALMEIDA, Gabriela Perissinotto de; NOJIRI, Sérgio. Como os juízes decidem os casos de estupro? Analisando sentenças sob a perspectiva de vieses e estereótipos de gênero. Rev. Bras. Polít. Públicas, Brasília, v. 8, n° 2, 2018, p. 825-853. Disponível em: https://www.publicacoes.uniceub.br/BPP/issue/viewIssue/279/pdf_7. Acesso em: 17 de jun. de 2025.
BADARÓ, Gustavo Henrique. Epistemologia judiciária e prova penal. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. Ebook.
BELTRÁN, Jordi Ferrer. La valoración racional de la prueba. Madrid: Marcial Pons, 2007. Ebook.
BELTRÁN, Jordi Ferrer. Prova e verdade no direito. Trad. de Vitor de Paula Ramos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no AREsp 1.586.879/MS, Sexta Turma, j. 03/03/2020. Disponivel em:
https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp?preConsultaPP=&pesquisaAmigavel=++1.586.879 %2FMS&acao=pesquisar&novaConsulta=true&i=1&b=ACOR&livre=+1.586.879%2FMS&f iltroPorOrgao=&filtroPorMinistro=&filtroPorNota=&data=&operador=e&thesaurus=JURIDI CO&p=true&tp=P&processo=&classe=&uf=&relator=&dtpb=&dtpb1=&dtpb2=&dtde=&dtd e1=&dtde2=&orgao=&ementa=¬a=&ref=. Acesso em 22 de jul. de 2025.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del3689.htm. Acesso em: 22 jul. de 2025.
BRASIL. Decreto no 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em 05 de jun. de 2025.
BROWNMILLER, Susan. Against Our Will: men, women and rape. Fawcett Books: New York, 1979. Ebook.
29
CARNELUTTI, Francesco. As misérias do processo penal. Campinas: Servanda, 1195. Ebook
CAMPOS, Carmen Hein de; MAINIERI, Clarissa Campani. Desafiando estereótipos de gênero e manifestações da cultura do estupro na compreensão judicial do consentimento em crimes sexuais. Revista Acadêmica São Francisco, nº1/2024, 2024, p 65- 90. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2317-6172201738. Acesso em: 14 jul. 2025.
CECCONELLO, William Weber; AVILA, Gustavo Noronha de; STEIN, Lilian Milnitsky. A (ir)repetibilidade da prova penal dependente da memória: uma discussão com base na psicologia do testemunho. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 8, n. 2, ago. 2018. Disponível em: https://www.publicacoes.uniceub.br/RBPP/article/view/5312/0. Acesso em 25 de mai. de 2025.
FISHER, R. P., GEISELMAN, R.E., & RAYMOND, D.S. (1987). Critical analysis of police interviewing techniques. Journal of Police Science & Administration, 15, 177-185, 1988. Disponível em
https://www.simplypsychology.org/wp-content/uploads/Cognitive-Interview.pdf. Acesso em 12 de maio.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024. Disponível em: file:///home/mariana/Downloads/Anu%C3%A1rio%20Brasileiro%20de%20Seguran%C3%A 7a%20P%C3%BAblica%202024%20(1).pdf. Acesso em 03 mai. 2025.
GASCÓN Abellán, M. Los hechos en el derecho. 3. ed. Madri: Marcial Pons, 2010, Marcial Pons, Madrid, 2010.
GREENWALD, Anthony G.; KRIEGER, Linda Hamilton. Implicit bias: scientific foundations. California Law Review, v. 94, n. 4, p. 945 – 967, jul. 2006.
GONZÁLEZ Lagier, D. Argumentación y prueba judicial. In: FERRER BELTRÁN et alli. Estudios sobre la prueba. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2006, p. 89- 134.
HAACK, Susan. La Justicia, la verdad y la prueba: no tan simple, despues de todo. In: FERRER BELTRAN, Jordi; VAZQUEZ, Carmen (Coorda.). Debatiendo con Taruffo. Madrid: MarcialPons, 2016. Ebook.
MATIDA, Janaina; VIEIRA, Antonio. Para além do BARD: uma crítica à crescente adoção do standard de prova “para além de toda a dúvida razoável” no processo penal brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 156, jun. 2019, p. 221-248.
MATIDA, Janaina. A determinação dos fatos nos crimes de gênero: entre compromissos epistêmicos e o respeito à presunção de inocência. In: NICOLITT, André; AUGUSTO, Cristiane Brandão (Orgs.). Violência de gênero: temas polêmicos e atuais. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2019a. Disponível em:
https://www.academia.edu/40712327/A_determina%C3%A7%C3%A3o_dos_fatos_nos_crim es_de_g%C3%AAnero_entre_compromissos_epist%C3%AAmicos_e_o_respeito_%C3%A0
30
_presun%C3%A7%C3%A3o_de_inoc%C3%AAncia?auto=download. Acesso em 15 de jun. de 2025.
MATIDA, Janaina. Standards de prova: a modéstia necessária a juízes e o abandono da prova por convicção. In: CALDAS, Diana Furtado; ANDRADE, Gabriela Lima; RIOS, Lucas P. Carapiá (Coords.). Arquivos da resistência: ensaios e Anais do VII Seminário Nacional do IBADPP. Florianópolis: Tirant lo Blanch, 2019 b.
MENDES, Soraia da Rosa. Processo penal feminista. 2. ed. Barueri [SP]: Atlas, 2021.
NARDELLI, Marcella Mascarenhas. Presunção de Inocência, Standards de Prova e Racionalidade das Decisões sobre os Fatos no Processo Penal. In: SANTORO, E.R.; MALAN,D.R.; MADURO, F.M. (Orgs.). Crise no processo penal contemporâneo: escritos em homenagem aos 30 anos da Constituição de 1988. Belo Horizonte, D’Plácido, 2018.
ORGANIZAÇÃO DA NAÇÕES UNIDAS. Comitê CEDAW. Recomendação Geral 33 sobre o acesso das mulheres à justiça. Brasília: ONU, 2015.
SILVA,R. de L. Por uma investigação preliminar dos fatos com perspectiva de gênero. Boletim IBCCRIM São Paulo, v. 32, n. 382, p. 11–14, 2024. DOI:
10.5281/zenodo.13246316. Disponível
em:https://www.publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/boletim_1993/article/view/1371. Acesso em: 7 jul. 2025.
SZESZ, André. O standard de prova para condenação por crimes sexuais: é viável e eficaz a flexibilização da exigência de corroboração probatória em crimes dessa espécie com o objetivo de redução da impunidade?. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, vol. 8, n. 2, p. 1007-1041, mai./ago. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.22197/rbdpp.v8i2.705. Acesso em: 16 de junho de 2025.
TAFARELO, Bruna. Violência institucional de gênero: como a discriminação por estereótipos afeta os discursos judiciais em crimes de estupro. Londrina, Pr: Thoth, 2025. Ebook.
TARUFFO, Michele. A prova. Trad. de João Gabriel Couto. São Paulo: Marcial Pons, 2014.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Revista Vianna Sapiens

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.









